A Casa do Concelho de Ponte de Lima, a Editora Opera Omnia e a Revista Limiana promoveram em Lisboa, no dia 12 de Setembro de 2009, pelas 18 horas, a apresentação do livro “Que é que eu tenho, Maria Arnalda? e outros contos pícaros”, da autoria de António Manuel Couto Viana.
Perante numerosa assistência, a apresentação teve lugar no Auditório do CITEFORMA - Centro de Formação Profissional dos Trabalhadores de Escritório, Comércio, Serviços e Novas Tecnologias, sito na Avenida Marquês de Tomar, n.º 91, em Lisboa, com quem a Casa do Concelho de Ponte de Lima mantém um Acordo de Cooperação no âmbito do Programa “Novas Oportunidades”.
A obra foi apresentada pelo jornalista e escritor vianês Ricardo de Saavedra, tendo-se seguido uma intervenção do autor, a actuação do Grupo de Cavaquinhos da Casa do Concelho de Ponte de Lima e uma concorrida sessão de autógrafos.
António Manuel Couto Viana, consagrado poeta, dramaturgo, ensaísta, memorialista e autor de livros para crianças, com mais de uma centena de títulos, parte dos quais traduzidos para diversas línguas, nomeadamente para francês, inglês, chinês, alemão e russo, é natural de Viana do Castelo, onde nasceu em 1923.
É Membro da Academia das Ciências de Lisboa e colabora com diversos jornais e revistas de cultura, destacando-se como um dos mais proeminentes colaboradores Revista Limiana. Foi agraciado com diversas condecorações em Portugal e Espanha. Indelevelmente ligado a Ponte de Lima, foi distinguido pela Câmara Municipal, em Março deste ano, com a Medalha de Mérito Cultural.
Sobre a obra “Que é que eu tenho, Maria Arnalda? e outros contos pícaros”, transcreve-se a recente apreciação feita para a Fundação Calouste Gulbenkian pelo escritor Urbano Tavares Rodrigues:
“O talento narrativo de António Manuel Couto Viana, a beleza e o rigor da sua escrita, a sua vastíssima cultura, o esplendor da sua ironia estão sempre presentes neste saborosíssimo livro de contos, que ele próprio, no título, define como pícaros. E são-no, de facto, não tanto pela sujeição às regras da picaresca espanhola – a itinerança, a condição servil do narrador e o seu despojo vocabular, na esteira do Lazarillo ou do Gusmán de Alfarache –, mas essencialmente no burlesco, no grotesco, na soltura verbal em que prima.
Fabulosos contos que nos põem a rir às escâncaras e em que admiramos mais uma vez o profundo conhecimento que o autor tem da sua «cidadezinha» (Viana do Castelo) e dos costumes, pechas, fraquezas das suas gentes.
A maioria dos contos situa-se ou na transição da monarquia para a república ou na primeira metade do séc. XX e mostra-nos as manias e as «partidas» de senhoras da decorosa burguesia e as figuras dos tolos, maníacos, doidos da aldeia, vítimas da sua ingenuidade em cenas por vezes delirantes de comicidade como a dos cornos do pretendente a maçon ou a do maluquinho dos comboios. Não se esquece mais a caganeira do chefe de Estado e sua digníssima esposa depois de ingerirem no banquete oficial que a cidadezinha lhes oferece os gostosos «badamecos» cujo segredo é uma substância cuja receita as suas criadoras não divulgam e que, desde que se carregue a dose, pode ter efeito laxante.
O all right de satisfação erótica de Hermengarda de Fermentelos e do Nuninho das bonecas, as andanças dos velhos Ford Anglia, trocados, esquecidos, roubados, pelas ruas de Lisboa e pelas esquadras de polícia, as peripécias do enterro do «Côdeas» e as manigâncias do Toninho, tudo neste livro ressume graça e poder inventivo, mas a mais assombrosa história que atinge o auge do inesperado burlesco, é de facto essa obra-prima do conto inimaginável Que é que eu tenho, Maria Arnalda?
A coroa de glória do António Manuel Couto Viana contista. Um texto de antologia, que fica na literatura portuguesa.
O poeta, o ensaísta, o dramaturgo, o encenador de múltiplos talentos, é um ficcionista de primeira linha.”
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