sábado, 30 de maio de 2009

Revista Limiana n.º 13



Junho de 2009
Capa:
“Súplica de D. Inês de Castro” – Pintura a óleo de Vieira Portuense, de 1802, redescoberta em França ao fim de 200 anos.
Imagem cedida pelo Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa


Conteúdos

Editorial: O Associativismo Regional aos olhos de hoje – O exemplo da Casa do Concelho de Ponte de Lima
(Irene Vieira Rua)

Estrofe n.º 135 do Canto III de “Os Lusíadas”, alusiva à Fonte das Lágrimas, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, onde se viveram os amores proibidos do príncipe D. Pedro por D. Inês de Castro

Fim dos Sócios Auxiliares – Um gesto nobre da Casa do Concelho de Ponte de Lima
(João Gonçalves – Presidente da Direcção da CCPL)

Celebração da Páscoa na Casa do Concelho de Ponte de Lima
(Irene Vieira Rua)

Poema “Páscoa”, de António Manuel Couto Viana

Banda de Música de Estorãos, Ponte de Lima – 1.º Aniversário
(José Manuel Araújo)

Página Literária: “Figuras Limianas” – património intelectual do limianismo
(José Cândido de Oliveira Martins)

“O Circo em Ponte de Lima”
(José Sousa Vieira)

Mariana Júlia da Silva Freitas Coelho de Menezes e Vasconcelos – Uma poetisa pontelimesa desconhecida
(António Manuel Couto Viana)

Os Voluntários de Ponte de Lima – Uma história com 125 anos
(João Carlos Gonçalves)

5.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima
(Fotografias de Amândio de Sousa Vieira)

“Súplica de D. Inês de Castro” – Uma pintura redescoberta

Dos amores de Inês de Castro e de D. Pedro à crise política de 1383-1385
(Rui Delgado)

1.ª Feira de Caça, Pesca e Lazer de Ponte de Lima

Ex-votos Pintados – O Apelo e a Graça
(José Velho Dantas)

Freguesias do Concelho de Ponte de Lima – Calvelo
(Manuel da Silva Alves [Cláudio Lima])

Solares de Portugal – Casa de Anquião

Bicicletas urbanas em Ponte de Lima

Município de Ponte de Lima institui figura de “Embaixador de Ponte de Lima”

Hortas Urbanas – Novo projecto do Município de Ponte de Lima

Vinho “Loureiro”, da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, premiado com duas Medalhas de Bronze, em 2009

Exposição “Encompassing the Globe – Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII”, no Museu Nacional de Arte Antiga, de 9 de Julho a 11 de Outubro de 2009



Editorial
O Associativismo Regional aos olhos de hoje - O exemplo da Casa do Concelho de Ponte de Lima
A génese do associativismo regional remonta ao início do século passado. O fluxo migratório para as grandes cidades do litoral, sobretudo para Lisboa, promoveu o afastamento de familiares e amigos da sua terra natal, da sua gastronomia e dos seus usos e costumes.
A distância que separava todos aqueles que migraram em busca de uma oportunidade na capital era, nos tempos de então, demasiado longa, penosa e dispendiosa, desbravada apenas em casos de força maior. Numa tentativa de fintar esta distância e a saudade que ela provocava, grupos de conterrâneos juntavam-se, reviviam recordações, partilhavam histórias e saboreavam aquela iguaria que, de algum modo, encurtava os quilómetros da terra natal.
Também muitos Limianos tiveram necessidade de migrar e de fazer valer a força do seu trabalho numa terra que lhes era estranha. No entanto, a partir de 2 de Fevereiro de 1987, data em que foi fundada a Casa do Concelho de Ponte de Lima, passaram a dispor de um local que aproximou Ponte de Lima dos seus filhos.
Decorridos 22 anos, o país dispõe de mais e melhores vias de comunicação; a situação sócio-económica da grande maioria daqueles que migraram para as metrópoles é bastante melhor; a distância deixou de ser tão longa, penosa e dispendiosa.
Qual o futuro do associativismo regional face a estas alterações?
No caso da nossa Casa Concelhia, a actual realidade impõe que olhemos para o associativismo regional como uma porta aberta ao intercâmbio cultural entre a terra limiana e a capital, trazendo Ponte de Lima até Lisboa e levando Lisboa até Ponte de Lima.
Consciente da importância que este fluxo de cultura, história, saberes e sabores representam, a Casa do Concelho de Ponte de Lima tem sabido desempenhar o papel que lhe compete na divulgação da nossa cultura, das nossas tradições e dos principais eventos limianos, contribuindo assim activamente para o desenvolvimento sócio-económico do nosso concelho.
No desempenho desse papel, destaca-se, desde logo, esta revista, amplamente reconhecida como uma referência no panorama cultural do nosso concelho, e que, a par da sua divulgação nacional, especialmente no Alto Minho e em Lisboa, já chega a países como Espanha, França, Suíça, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
Paralelamente, a Casa do Concelho de Ponte de Lima tem estado cada vez mais presente em eventos culturais realizados em Ponte de Lima, através do seu Rancho Folclórico e do Grupo de Cavaquinhos, promovendo igualmente eventos de grande sucesso em Lisboa, onde a presença da cultura limiana se tem destacado, através, nomeadamente, do Orfeão Limiano, de bandas de música e de grupos folclóricos do nosso concelho. Consolidando este intercâmbio cultural, teremos na Romaria Limiana deste ano, a realizar no próximo dia 28 de Junho, em Lisboa, a honrosa presença da Banda de Música de Ponte de Lima e do Grupo das Espadeladeiras de Rebordões Souto, e ainda a de José Cachadinha.
Este dinamismo demonstra cabalmente que a Casa do Concelho de Ponte de Lima tem sido capaz de se adaptar à nova realidade do associativismo regional e que, como tem sido publicamente reconhecido por diversas entidades oficiais e por observadores credíveis e isentos, está mais viva do que nunca!

(Irene Vieira Rua)



Fim dos Sócios Auxiliares – Um gesto nobre da Casa do Concelho de Ponte de LimaPonte de Lima é, por tradição, uma terra que preza o reconhecimento de todos quantos contribuem para o seu engrandecimento, independente de serem ou não limianos.
Como costuma afirmar o Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima e, nessa qualidade, Presidente da Assembleia-Geral da Casa do Concelho de Ponte de Lima, “os melhores Limianos não são aqueles que nasceram em Ponte de Lima. São aqueles que mais gostam, que mais amam e que mais fazem por Ponte de Lima” (Revista Limiana n.º 1, pág. 9).
Entre as inúmeras provas desse reconhecimento, recordamos a admirável obra “Figuras Limianas”, recentemente editada pelo Município de Ponte de Lima, onde, ao lado de ilustres filhos da Límia Pátria, figuram outras personalidades que se notabilizaram pela forma como contribuíram para o engrandecimento da terra limiana, bem como as personalidades distinguidas no passado mês de Março pela Câmara Municipal de Ponte de Lima, com Medalhas de Mérito Cultural e Mérito Desportivo, entre as quais figuram o Poeta António Manuel Couto Viana, natural de Viana do Castelo, o Dr. Francisco José Torres Sampaio, natural de Braga, e o Prof. Victor Alberto Martins de Araújo, natural do Porto.
Também a Casa do Concelho de Ponte de Lima tem sabido reconhecer o mérito daqueles “que mais gostam, que mais amam e que mais fazem” pela nossa Associação, como o comprova a atribuição, em 2007, da qualidade de sócios honorários aos autores da letra, da música e da orquestração do Hino da CCPL, dois dos quais não são limianos.
No passado mês de Março, num gesto nobre, a Assembleia-Geral da Casa do Concelho de Ponte de Lima deliberou, no âmbito da revisão dos Estatutos da Associação, suprimir a categoria de Sócios Auxiliares, onde estavam integrados os sócios não naturais de Ponte de Lima nem possuidores de laços familiares a limianos, e proceder à sua integração na categoria de Sócios Efectivos, com todos os direitos correspondentes a esta categoria, excepto quanto à eleição para os cargos de Presidente da Direcção, da Assembleia-Geral e do Conselho Fiscal.
Trata-se de uma deliberação tomada por unanimidade, que honra o nome de Ponte de Lima e dignifica a Casa do Concelho de Ponte de Lima, e da qual me orgulho como limiano, como sócio e como Presidente da Direcção, salientando que a mesma não gerou a menor contestação interna, nomeadamente por parte daqueles que bem conhecem a realidade da Associação e que, por isso, não têm quaisquer dúvidas quanto ao limianismo da generalidade destes sócios.
Estão, assim, de parabéns todos os sócios da CCPL pela nobreza deste gesto e pela correcção de uma injustiça que se vinha acumulando ao longo dos anos em relação a um conjunto de sócios que muito contribuíram para o engrandecimento da nossa Casa Concelhia, apesar de não lhes serem reconhecidos elementares direitos associativos, como a simples presença em assembleias gerais.

(João Gonçalves – Presidente da Direcção da CCPL)