quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Revista Limiana n.º 28


Junho de 2012
Capa:
Estátua da Rainha D. Teresa, em Ponte de Lima, ostentando o Foral concedido à vila limiana, em 4 de Março de 1125
Escultor: Luís Valadares
Fotografia de Amândio de Sousa Vieira


Conteúdos

Couto Viana, Ponte de Lima e a CCPL
José Pereira Fernandes

Poema "Trovas a Ponte de Lima"
António Manuel Couto Viana

Visita Pascal na CCPL
Padre João Nogueira

Rancho Folclórico da CCPL em França
Tiago Polme

Passeio da CCPL à vila histórica de Marvão
José Pereira Fernandes

Visita Cultural da ACRL ao concelho de Tábua
José Pereira Fernandes

Página Literária
A Promessa - Peça teatral de Campos Monteiro em cenário limiano
Cláudio Lima

Livro
Memorial do Coração
Biografia de António Manuel Couto Viana escrita a quatro mãos
António Cândido Franco

Roteiro pelos Alvores da Nacionalidade
De Ponte de Lima a Guimarães, Capital Europeia da Cultura
Teresa Martins

Arte Sacra de Ponte de Lima
Santa Marinha - Escultura em madeira dourada e policromada
Século XVI-XVII - Igreja Paroquial de Santa Marinha de Arcozelo
José Velho Dantas

Por terras de S. Julião de Moreira do Lima: os clamores
Gracinda Dantas

8.º Festival Internacional de Jardins Ponte de Lima

Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima
482 anos de dedicação e espírito solidário
João Maria Carvalho

Banda de Ponte de Lima fundada em 1840?
Adelino Tito de Morais



Couto Viana, Ponte de Lima e a CCPL

António Manuel Couto Viana
Em Ponte de Lima, em 21 de Abril de 2007
Fotografia de José Pereira Fernandes

Os nossos caminhos cruzaram-se por terras do Oriente, onde António Manuel Couto Viana ficou conhecido por Wai Pok Man - Homem de Cultura -, devido à profícua e vasta actividade cultural que desenvolveu em Macau, em meados da década de 80, em particular, nas áreas do teatro, da música e da dança, no ensino da arte dramática e na direcção e orientação de vários eventos.
Mas seria em Ponte de Lima, em 2007, que viria a nascer uma grande amizade com Couto Viana, quando aceitou dar a sua inestimável colaboração à então recém-criada revista Limiana, editada pela Casa do Concelho de Ponte de Lima. Estávamos no dia 21 de Abril, e Couto Viana acabara de proferir na Igreja Matriz, na qualidade de gastrólogo emérito, a Oração de Sapiência na Cerimónia de Entronização dos Confrades da Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima, que viria a ser publicada no número dois desta revista, seguida de regulares e relevantes contributos que preencheram algumas das suas mais belas páginas.
A colaboração com que Couto Viana distinguiu a Limiana não foi, porém, mais do que a reafirmação do fecundo amor que o grande Poeta vianês nutria por Ponte de Lima desde os tempos de estudante, no Liceu Nacional de Gonçalo Velho, incentivado pelos professores Mendes Carneiro, primo de Teófilo Carneiro, e Salvato Feijó, sobrinho de António Feijó, e desde que, em 1939, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, passou a viver com seus pais na freguesia limiana de São Martinho da Gândara, até 1945, enamorando-se pela “paisagem que afoga os olhos e o coração em beleza”, que o inspirou ao longo da vida em belos poemas dedicados a Ponte de Lima, como em Trovas a Ponte de Lima.
Reconhecendo o seu grande contributo para o enriquecimento cultural do País e da sua região, o Município de Ponte de Lima agraciou António Manuel Couto Viana com a Medalha de Mérito Cultural, em 4 de Março de 2009, Dia de Ponte de Lima. O Poeta sensibilizou, então, a assistência que enchia o Teatro Diogo Bernardes, agradecendo em verso a “honra” que lhe fora concedida:
...
Não há verso que exprima
Toda a minha gratidão
De vir a Ponte de Lima
Receber tal galardão!
...
Em 21 de Fevereiro de 2010, foi a vez da Casa do Concelho de Ponte de Lima mostrar também o seu reconhecimento a Couto Viana, admitindo-o como Sócio Honorário. O respectivo diploma ser-lhe-ia entregue em 17 de Abril seguinte, numa homenagem promovida pela CCPL, presidida pelo Vereador da Cultura do Município de Ponte de Lima, Dr. Franclim Sousa, à qual se associaram três eruditos e dilectos companheiros de Couto Viana – o poeta limiano Cláudio Lima, o crítico literário e ensaísta João Bigotte Chorão e o Professor Artur Anselmo –, que falaram sobre a sua vida e obra, e os actores e amigos de sempre Cecília Guimarães e Vítor de Sousa, que interpretaram com beleza alguns dos seus poemas.
Esta seria a última homenagem prestada em vida a António Manuel Couto Viana, um mês antes do seu internamento no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, de onde partiria para a sua última viagem até Viana do Castelo, a sua cidade do Coração, no dia 10 de Junho de 2010, Dia de Portugal.
É com a evocação desta homenagem que termina a excelente biografia de Couto Viana, assinada por Ricardo de Saavedra, recentemente editada pela Quetzal Editores, com o sugestivo título António Manuel Couto Viana – Memorial do Coração – Conversa a Quatro Mãos, onde se podem ler outras referências que evidenciam o seu grande afecto por Ponte de Lima, pela CCPL e pela revista Limiana.
     Para além da sua obra imortal, que o torna, mais que Homem de Cultura, “Homem de Portugal, Poeta Lusíada, Poeta das Navegações e de todo o Mundo”, na opinião do poeta José Valle de Figueiredo, António Manuel Couto Viana deixa-nos também uma verdadeira lição de limianismo que importa não esquecer.
José Pereira Fernandes



Tovas a Ponte de Lima

Que bem se avista, vista de cima
Da mancha verde do alto monte,
Ponte de Lima,
O Lima,
A ponte.

Arcos erguidos, que o tempo estima,
Sobre águas claras, cristais de fonte:
Ponte de Lima,
O Lima,
A ponte.

Areias d’oiro, que a feira anima
Logo que o oiro do Sol desponte:
Ponte de Lima,
O Lima,
A ponte.

Imagem doce que, doce, rima
Com a doçura do horizonte:
Ponte de Lima,
O Lima,
A ponte.

- Qual a beleza que te sublima;
Que luz de prata te cinge a fronte,
Ponte de Lima?
- O Lima,
A ponte!

António Manuel Couto Viana