sábado, 8 de novembro de 2008

Revista Limiana n.º 5



Dezembro de 2007
Capa:
Pano de Boca do Teatro Diogo Bernardes - Ponte de Lima
Pintura acrílica de Chico Barbosa e Leandro Pires
Fotografia de Amândio de Sousa Vieira


Conteúdos:
Concurso de Fotografia Digital “Reflexos”

Editorial: A Cultura em Portugal – Alguns dados preocupantes
(José Pereira Fernandes)

Outro Natal
(poema de Cláudio Lima)

Associação das Casas Regionais em Lisboa
(José Pereira Fernandes)

Actividades da Casa do Concelho de Ponte de Lima:
Desfolhada
Almoço convívio
Festa da Concertina
Almoço e Festa de Natal
(José Pereira Fernandes)

Visita à Assembleia da República
(José Pereira Fernandes)

Sócios de Mérito da CCPL – Manuel Viana Vaz

Solares de Portugal – A Casa de Crasto
(Turihab)

Página Literária – À conversa com… Fernando Pessoa
(José Cândido Oliveira Martins)

Uma carta inédita de Aquilino Ribeiro
(João de Araújo Pimenta)

Eu não tenho terra
(Carlos Pinhão)

Breve biografia de Carlos Pinhão
(Jornal "A Bola")

A Guerra
(poema de Carlos Pinhão)

O Movimento Teatral em Ponte de Lima nos últimos 40 anos
(Dantas Lima)

Américo Carneiro – Pintor Limiano
(Amândio de Sousa Vieira)

Lançamento do Livro “Património Imaterial de Ponte de Lima”

Ponte de Lima em 3D

Os primeiros passos do futebol em Ponte de Lima
(João Carlos Gonçalves)

A Importância das Instituições Limianas
(Alberto Moreira)

Grupo “Quatro Ventos” – Regresso há muito desejado
(Rui Quintela)

Freguesias do Concelho de Ponte de Lima – Moreira do Lima, um cartão de visita único
(Luísa Nunes)

Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima supera as expectativas


Editorial
A Cultura em Portugal – Alguns dados preocupantes
O EUROSTAT – Gabinete de Estatísticas da União Europeia, com sede no Luxemburgo – revelou recentemente um estudo sobre a economia da cultura e as actividades culturais nos 27 países da União Europeia, onde são divulgados dados muito preocupantes para Portugal.
Os portugueses são dos cidadãos comunitários mais afastados da cultura e o País só empregava, em 2005, cerca de 70.000 pessoas em actividades culturais, correspondentes a 1,7 por cento, o que coloca Portugal no penúltimo lugar da tabela, só com a Roménia atrás de nós, com 1,1 por cento. Esta realidade contrasta fortemente com a da Holanda que, com 3,8 por cento, lidera a tabela, onde a média da União Europeia é de 2,4 por cento. Inevitável a comparação com a nossa vizinha Espanha que, com os seus 2,1 por cento, tem13 países em posição de igualdade ou atrás de si.
É a primeira vez que o EUROSTAT publica estatísticas sobre as actividades culturais, o que mostra a importância crescente que este sector tem na vida económica da União Europeia, onde cerca de 2,5 por cento do seu produto interno bruto vem justamente das actividades das artes e dos espectáculos, com cerca de 4,9 milhões de pessoas empregadas neste sector, no conjunto de todos os países da União.
O estudo procede ainda a uma comparação entre os níveis de vida cultural dos cidadãos europeus no ano de 2007, mostrando resultados desastrosos para Portugal: é o segundo país onde menos se lê, a seguir a Malta; é o segundo país onde menos gente visita museus e galerias de arte, a seguir à Bulgária; é o segundo país onde menos gente vai a concertos, a seguir à Grécia; é o segundo país onde menos gente vai ao teatro, a seguir à Polónia; é o segundo país onde menos gente vai ao ballet ou à ópera, a seguir à Roménia; é o terceiro país onde menos gente visita monumentos históricos, a seguir à Bulgária e à Grécia; é o quinto país onde menos gente assiste a programas culturais através da televisão ou da rádio; enfim, é o oitavo país onde menos gente vai ao cinema, a seguir à Roménia, à Bulgária, à Lituânia, à Estónia, à Hungria, à Letónia e a Chipre.
De acordo com o inquérito realizado em Portugal no âmbito deste estudo, durante o ano de 2007 apenas 50 por cento dos portugueses leram um livro, enquanto a média europeia é de 71 por cento; 24 por cento visitaram um museu ou galeria, quando a média europeia é de 41 por cento; 23 por cento assistiram a um concerto e 19 por cento foram a um teatro, quando a média europeia é de 37 e de 32 por cento, respectivamente; 35 por cento visitaram um monumento histórico, contra 54 por cento da média da União Europeia.
São resultados muito concretos que nos dão o retrato de um país atrasado, de um país com um enorme deficit de cidadania cultural, de um país onde a cultura deveria assumir um posicionamento estratégico diferente no nosso modelo de desenvolvimento, com o envolvimento de toda a sociedade, é certo, mas onde as políticas de apoio às actividades culturais se revelam cruciais, especialmente no que respeita ao reforço do investimento público neste sector.
Tal como noutros sectores, também no da cultura Portugal mostra-se como um país longe de ser verdadeiramente europeu!

José Pereira Fernandes
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